7 de fevereiro de 2010

Dos Anjos

O Grito - Obra do artista expressionista Edvard Munch (1893)

Uma mulher desesperada
Busca resgatar seu maior tesouro
Sem voz, sem luz, sem som, sem palavras
Perambula às escuras pelas ruas ensolaradas
Em busca de ajuda, acolhida.

Bate em diversas portas
Inclusive a da justiça, da lei, da segurança
E não obtém resposta.

Que ironia! A vítima escondida,
E o bandido sorri e desfila!
Uma porta se abre, mas dez à sua frente, estão cerradas
Pelo concreto da indiferença
Que nos faz dizer não sem sentir mágoas.

E dizemos a todo o momento:
É seu direito! Mas...
Não há vagas, não podemos, não temos, e algumas vezes, não queremos.

Ter direito não serve de alento a essa mulher desesperada
Que sem compreender o seu momento
Sentada, prostrada, na bancada
Sorri em agradecimento
Pela atenção que lhe foi dada.

Eu, em seu lugar, não sorriria
Gritaria, espernearia, choraria
Mas... quando não se pode
Gritar, ouvir, escrever ou se expressar

Quando se vive em mundo
No qual os símbolos não se refletem
Resta somente o choro e a resignação.
Por que, por aqui, o direito se adquire através do berro.

17 de janeiro de 2010

TRABALHADORES - parte I

Antes de começar falando no trabalho no SUAS, falarei um pouco no trabalho no serviço público... Gostei de um texto que saiu na última Conferência Nacional de Assistência Social, Cadernos de Textos, de uma parte que fala dos trabalhadores do SUAS. Somos a principal tecnologia do trabalho no SUAS. Afinal, o que seria das políticas públicas sem os trabalhadores? Como seria se não hovessem passoas (na minha opinião um pouco malucas), que mesmo não sendo devidamente valorizadas ainda assim gostam de trabalhar no serviço público? Sendo que (muitos dessas) sem interesses políticos partidários e com interesse no serviço prestado, no acesso da população aos direitos, na diminuição dos efeitos do abismo social e de quebra nas condições de trabalho que se enfiam.
Eu particularmente, às vezes prefiro nem pensar em algumas coisas. Pois, trabalhar com leis exemplares, algumas invejadas pelo mundo, mas num sistema que foi feito para não funcionar, com poderes paralelos que são super eficientes em atrapalhar e com pessoas com interesses difusos (sendo muito sutil) e ainda assim acreditar que se está fazendo diferença, que está conseguindo trabalhar e olhar pra algumas pessoas que pra muitos parecem invisíveis. É... não é fácil, ainda bem que não penso nisso todos os dias.

Annie Louise - Psicóloga trabalhadora do SUAS